Os índios carajás e os tapirapés têm aldeias vizinhas nas proximidades de Santa Terezinha do Araguaia. São muito diferentes entre si, a começar pela lingua que falam. Os carajás se expressam em língua do tronco macro-jê e a dos tapirapés pertence ao tronco tupi. Todos falam português de forma arrevesada e os carajás estão muito mais próximos dos brancos do que os tapirapés.
Os carajás exibem sua decadência deambulando pelas ruas de Santa Terezinha, pela dentadura estragada, a aldeia desorganizada e suja e o vício de beber. Adoecem com facilidade. Pagam o preço de terem sido seduzidos e abduzidos pela civilização dos brancos e suas aparentes facilidades.
Os tapirapés são arredios, raramente vão à cidade, cultivam as tradições tupis e vivem da caça e da pesca na pequena reserva que conseguiram delimitar. No princípio dos anos 90, fui mais uma vez ao Araguaia. Estive com os tapirapés em sua aldeia, organizada e limpa. O cacique José Miguel – seu nome em língua portuguesa – agradeceu por todos um livro que encontrei num sebo do Rio e lhe dei de presente. Era o estudo de um antropólogo da USP sobre aquela mesma aldeia, realizado na década de 30. Tinha fotos dos antepassados e a relação de seus nomes. Os tapirapés não gostam de exibir sentimentos porém os mais velhos não esconderam sua emoção.
Um comentário:
CElso
Preservar a própria integridade nesse shopping de fetiches em que se transformou a sociedade contemporãnea é tarefa que vai ficando cada vez mais difícil.
Palmas para os Tapirapés que perceberam as armadilhas da 'civilização', evitaram seus vícios endêmicos, e preservaram-se em sua própria cultura.
Belo post, amigo.
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