
Ela não chega a ser propriamente elegante mas, a julgar pelas roupas, dificilmente seria identificada como pedinte. Está sempre sem dinheiro para a passagem e na sua abordagem, com expressão preocupada no rosto, pede dinheiro para completar o preço da viagem de ônibus até Nova Iguaçu. Sempre nas imediações da Praça Serzedelo Correa, sua tática tornou-se conhecida nas redondezas e já não faz tanto efeito. Estaria na hora de procurar outro ponto.
No sinal de trânsito da Avenida Atlântica, com o rosto denotando enorme sofrimento, ele põe a mão no queixo e, com a ajuda da outra, balbucia um pedido. De vez em quando, para descansar o braço, troca de mão e de lado do queixo. Já o vi sorrindo e conversando, antes de incorporar a dor de dente e começar a performance.
O outro imita com perfeição um portador de paralisia cerebral. Movimentos desordenados, andar de pernas bambas e voz engrolada, sorridente e simpático. Já testemunhei seu desembaraço, ereto e elegante, desfilando num bloco de carnaval na Barata Ribeiro, abraçado a uma bonita mulata.