domingo, 17 de abril de 2016

Desfile




Uma atmosfera quente, calor de verão que invade o tímido outono deste ano confuso. As pessoas andam suadas nas desorganizadas ruas de Copacabana e a multidão na praia tem permanecido até depois do crepúsculo de cores vermelhas que anunciam mais calor ainda. Existem sinais de ódio e desconfiança nos olhares que expressam também certeza e perplexidade, algo a ver com a política e seus desencontros.

As opiniões se perdem entre as emoções confusas. Uma multidão ocupa a orla do mar, os vendedores do mercado da sede buscam seus clientes e as crianças procuram entender e participar da brincadeira estranha. O ar mistura tensão, festa, gritos, exibição. Há sempre algo de loucura nas multidões. Algo irracional que se manifesta nos gestos, gritos e nos olhares.

As meninas fantasiadas num bloco amarelo desfilam embaladas em roupas muito justas, riem como convidadas de uma festa esperada. A música muito alta embaralha os sentidos, convida a uma exaltação sem causa nem finalidade. Marquinhos, o maluco da vizinhança, encosta-se na parede, observa como se fosse o único a entender tudo o que se passa, tudo o que ninguém mais se mostra capaz de compreender.

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