sábado, 10 de outubro de 2015

Bichos


A quantidade de bichos de estimação em Copacabana é maior que a população de humanos. Os velhinhos do bairro costumam estabelecer laços profundos de amizade com gatos, cães e passarinhos e com eles dividem os pequenos apartamentos em que viviam sozinhos. Levam-nos à rua e a eles se dirigem com a mesma linguagem carinhosa de mães cujas crianças ainda não aprenderam a falar.

Passear com o cão pode trazer o desconforto de voltar com algumas pulgas e carrapatos que infestam as ruas à espera de hospedeiros. Por isso a mulher do prédio em frente conduz seu pequeno poodle num carrinho de bebê. Sua vizinha leva o yorkshire calçado com pequenas botas de couro. E há o homem que passa de bicicleta pela Barata Ribeiro com um gato agarrado às suas costas.

O bairro tem o maior número de velhos da cidade. E também de viúvos e divorciados, dizem as estatísticas. Os números expressam a solidão que os pequenos animais vêm aliviar. É tanta e tão próxima a amizade entre gente e bichos que muitas vezes se tornam parecidos entre si. O mesmo jeito de andar, não raro a mesma aparência e o mesmo humor que são fruto da união e do entendimento entre eles.



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