Sem perdão, o anjo decaído vaga do lado de fora dos portões
do Paraiso. Do lado leste, onde pássaros estranhos, escuros, rondam os passos notívagos
dos condenados. Em sua volta eles voam, grasnam, levantam as asas e misturam
sua penas com a linha de um horizonte onde as sombras levantam-se e cobrem as
primeiras manchas tingidas da aurora.
O rumo das serpentes, a viração doentia de um vento úmido
prenunciam enchentes, destruições e palavras sem sentido de sacerdotes cegos de
fúria clamando arrependimento. Só restam traços da caminhada em fuga da
vingança.
Anjo negro destituído de aura, feio, olhos ausentes, rosto
encovado dos vampiros, exibindo sua angústia do lado de fora das igrejas, mendigando
nada. Traz consigo só meditação sombria, eterna indagação sobre o destino das
coisas intangíveis e a surpresa dos que foram desprezados às margens do
Aqueronte.
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