Num pequeno apartamento do prédio em frente, mora um velho. Vive
sozinho, como tantos velhos em Copacabana. Sai pouco de casa e às vezes cruzo
com ele na rua carregando uma sacola de supermercado. Acho que é seu único
motivo de caminhar pelas difíceis calçadas do bairro.
Prefere ficar em seu pequeno espaço dotado de uma varanda que
é também muito pequena. Com ele vive uma planta exuberante de pequenas folhas
verdes que brilham no bater do sol. De onde estou não consigo identifica-la.
Talvez seja uma pitangueira, árvore que cresce e se dá bem nas proximidades do
mar. Ela está num vaso de barro que ocupa metade da varanda. Todas as manhãs o
velho cuida da planta, dá-lhe água, verifica as folhas e retira as que estão
secas. Olha para ela, contemplativo, grande parte do dia.
Na noite do Ano Novo, quando a loucura toma conta do bairro,
o velho estava de pé, pois não adiantaria tentar dormir diante da proximidade dos
fogos da meia-noite. O calor era intenso, na temperatura em que estamos vivendo
por esses dias. Na varanda, o velho sorria distraidamente e parecia dizer
alguma coisa enquanto aspergia água nas folhas da sua planta, que de longe parece
uma pitangueira.
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