O sol tem nascido coberto por nuvens avermelhadas. Por volta
das oito já se encontra a pino e se vê gente coberta de suor nas ruas. Ao meio
dia, neste horário de verão, há uma expressão de angústia impaciente nos rostos
de quem foi obrigado a sair de casa. Há também os que amam as altas
temperaturas e vão com alegria se enturmar na praia cheia.
Os turistas suados, com a pele em tonalidades de vermelho e
resquícios de branco, caminham em pequenos grupos na direção da Avenida
Atlântica. São como andorinhas em todos os verões mas nesses últimos dias
refletem um certo sofrimento de quem procura respirar e só o faz pela metade.
As pessoas reclamam, afirmam que nunca fez tanto calor na
cidade. Esqueceram do verão passado e de todos os verões que castigaram,
exauriram, desidrataram. As mulheres andam seminuas, os homens tiram a camisa
e, de bermudas, andam meio curvados pelas calçadas quentes. Marquinhos, o
maluco da vizinhança, passou apressado vestido em seu velho paletó, uma camisa
suja e um cachecol de lã no pescoço. Cantava uma marchinha de carnaval cuja
letra começa com “alá-la-ô-ôoô-ôoô...
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