Quando Drummond escreveu “penetra surdamente no reino das
palavras”, acrescentando que lá estão os poemas que esperam ser escritos,
reconhecia na palavra o repositório de toda a poesia humana, não apenas aquela que ainda aguarda o poeta.
Pois é na linguagem que se encontram todos os poemas e também o pensamento
acumulado pela vivência das gerações humanas.
É assim também na pintura, pois o matiz das cores guarda o
potencial da expressão artística ainda à espera da criação. Em todos os sons cuja
vibração chega ao ouvido humano encontra-se também a música que espera o
compositor. Na matéria, no espaço e no sonho está a fonte de todas as
expressões da arte, até daquelas que ainda não existem e vão existir no futuro.
A arte expressa, assim, um tipo de conhecimento cuja
descoberta se dá percorrendo a trilha das
emoções. É a maneira de o homem ser capaz de sentir o que a inteligência não
alcança: o concerto do universo, o entendimento do mundo, o cosmos, o infinito,
tangenciados pela magia das palavras, das cores e dos sons.
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