sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Rocamadour


Vem de longe a angústia do homem à procura de Deus. Por volta do século XI, uma onda de misticismo gerou o movimento de milhões de peregrinos na direção de Santiago de Compostela. Alguns séculos antes, o bispo de Compostela precisava de dinheiro para a construção de uma igreja e divulgou a lenda de que o apóstolo estava enterrado lá, no pedaço de terra que apontava para o Atlântico e era conhecido como Finisterra, o fim da terra.

Enquanto a história se espalhava e as multidões acorriam a Compostela, cidades surgiam pelos caminhos e uma delas foi Rocamadour. Entalhada nas rochas de calcário, construída em torno da montanha e acessada através de ladeiras íngremes e formidáveis escadarias, Rocamadour testemunhava a adoração de Deus pelos peregrinos que passavam em hordas por aquelas paragens da França .

Rocamadour está lá, até hoje. As hordas continuam chegando, nem sempre crentes, a maioria para admirar as construções assombrosas. A indústria do turismo fez da cidade um produto de extraordinário sucesso. O intenso comércio de souvenires, o preço do bilhete dos elevadores para evitar as escadarias erguidas pelos peregrinos e a imaginação dos comerciantes fazem da cidade um enorme caça-níquel, fiel à tradição inaugurada pelo esperto bispo de Compostela.

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