quarta-feira, 9 de junho de 2010

Mar ausente


As cidades foram erguidas junto aos rios ou junto aos mares. São as águas que criam as paisagens urbanas e o tom do seu traçado, organizam os transportes e lhe dão personalidade. Onde não existem rios, longe do mar, crescem aglomerados tristes e destituídos de alma, como Las Vegas.

O Rio é um presente do mar, como o Egito é uma dádiva do Nilo, pela inspirada definição de Heródoto. Nas praias do Atlântico, de frente para a África e na rota das Índias, o Rio teve o seu destino e a sua glória por sua ligação com o mar que, junto com as montanhas, constroem a sua beleza.

Por que razão o Rio odeia o mar, que é sua origem e do qual depende como parte da sua essência? Nas imagens antigas, gravadas pelos artistas europeus que vieram atraídos pelo novo mundo, vê-se como a cidade era tão próxima do mar. Há sempre figuras de pessoas olhando para o mar, que pouco a pouco foi afastado pelos aterros sucessivos e pelas construções que se fazem nas praias: arenas para espetáculos, palcos, estádios, arquibancadas.

Hoje, caminham-se quilômetros pela orla e não se vê o mar.

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