domingo, 24 de janeiro de 2016

Chuva


Copacabana reclama dos males do verão, tempo em que as levas de turistas invadem o bairro, a orla e os botequins enchem-se de novos clientes em busca de calor, cerveja, alegria e sexo. O bairro sonha então com os tranquilos dias de inverno e primaveras tardias. Mas bastam alguns dias de chuva para aflorar a impaciência e a nostalgia do calor.

As marquises são habitadas pelos moradores de rua, os garotos da periferia continuam assaltando nas praças e arrancam os celulares, ouvem-se os tiroteios nos morros. Há também uma sombra de frustração na praia vazia quando fustigada pela chuva e os que vieram em busca do verão se agasalham numa conformada tristeza.

Quando passam os dias chuvosos e o calor novamente investe sobre a areia e as calçadas, voltam os lamentos molhados de suor, a busca de sombras castigadas, o desejo de um pouco de brisa fresca. É o destino de um bairro onde os contrastes assinalam as diferenças entre os ricos dos belos edifícios e os miseráveis que se abrigam nas marquises; a praia e a montanha; o calor insuportável e o frio incompreensível em pleno mês de janeiro, às vésperas do carnaval.


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