quinta-feira, 4 de junho de 2015

Velhos boêmios

Tenho acompanhado os velhos boêmios do bairro e vejo que estão desaparecendo. Testemunho a decadência deles até que deixo de os encontrar nos bares que frequentavam. Como os quatro velhinhos gays que se reuniam nas manhãs de sábado no botequim da esquina e celebravam a vida.

Um deles era pálido, uma palidez que se acentuou com o tempo até que desapareceu dos lugares onde ia. Não o vejo mais. O que se destacava pela elegância passou a andar com uma acompanhante bruta e mal-humorada, vi sua insistência para conseguir sentar-se no mesmo botequim e beber uma cerveja. A seu lado, a vigilância dura da mulher gorda que bebia água. Esse também sumiu.


Restam dois do antigo grupo dos velhinhos gays. Mas os vejo separados, em dias diferentes da semana. Um deles senta-se ao banco da pequena praça e acompanha quem passa com um olhar que se perde num inexistente horizonte. O outro ainda resiste. Está muito trêmulo, senta-se ao bar, bebe e observa absorto mas com interesse os jovens que passam em direção à praia.

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