quinta-feira, 7 de março de 2013

O Sertão


Estávamos no bar em  Areias, no interior da Paraiba. No rádio, Luiz Gonzaga cantava um baião cuja letra saúda o “sertão de mulher séria e homem trabalhador”. O amigo, com ironia, disse que Luiz Gonzaga há muito tempo não visitava o Sertão. Em sua frase maliciosa havia algum preconceito mas havia nela também o reconhecimento de que o Sertão havia mudado.

As imagens da seca na TV, onde se destacam as ossadas de animais mortos de sede, mostram no entanto que as mudanças não foram tão grandes assim. Estes ícones dramáticos têm permanecido os mesmos através dos anos e repetem que o fantasma da fome ainda assombra o povo sertanejo.

As cidades médias e grandes do Brasil obedecem a um mesmo plano de urbanização: uma avenida asfaltada que constitui um eixo de onde saem artérias secundárias. Um desenho originado nas mesas dos burocratas e dos engenheiros que ignoram o homem e imaginam a urbe como espaço para o trânsito privilegiado dos automóveis. As pequenas vilas sertanejas, essas continuam reféns da sua própria solidão.

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