sexta-feira, 15 de abril de 2011

Ivan


Sua forte compleição atlética trabalhada com halteres pesados e um rosto fechado, com a moldura de um cavanhaque negro, completavam sua figura e o papel de homem mau que gostava de desempenhar. Exibia sua valentia. Quando bêbado, aumentava o volume da voz poderosa e todos se calavam, o bar ficava num silêncio amedrontado que nem parecia um bar.

Vestido de uma sunga de praia, viajava de moto nos fins de semana para Arraial do Cabo e passava a tal velocidade pela blitz da Polícia Rodoviária, em São Pedro da Aldeia, que os policiais não tinham ânimo de persegui-lo.

Gostava de armas. Calou o barulho de uma festa no apartamento de frente com um tiro certeiro no aparelho de som. Tinha medo de baratas e ternura pelos amigos. Na convivência, revelava-se um sentimental que não suportou a solidão. Naquela noite, bebeu uma garrafa de vodka, entrou no mar, nadou até muito depois da arrebentação e ficou lá para sempre.

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