domingo, 23 de maio de 2010

Três mulheres

Eram três mulheres de ar cansado que tomavam chope no fim da tarde, alheias ao burburinho da Barata Ribeiro na hora do rush. As mesas do botequim estavam todas ocupadas, como sempre no fim da tarde, e o barulho incomodava, como de hábito. Diante da zoada que elas mesmas produzem, as pessoas costumam falar cada vez mais alto para serem ouvidas e acabam quase gritando.

As três mulheres usavam roupas coloridas, falavam alto, às vezes ao mesmo tempo, como as mulheres costumam fazer quando estão em grupo e conversam entre si. Frases soltas podiam ser ouvidas de longe e quem estivesse sentado na mesa ao lado podia escutá-las, mesmo que não pretendesse ouvir o que diziam.

Elas não eram jóvens mas não aparentavam sentir-se velhas. Penso que falavam de amor e do tempo passado, pois uma delas de vez em quando repetia, como se desejasse informar ou convencer as outras, eu já fui amada, eu já fui muito amada.

Os motores aceleravam quando o sinal abria para o verde, aumentando o barulho e a poluição do ar, como acontece todas as tardes em Copacabana.

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