sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A tarde


As nuvens se movem nas sombras do inverno. Fios de chuva fina acompanham seu movimento e as ruas da cidade constroem espelhos nas pequenas poças d’água que refletem a cor cinza do firmamento. O silêncio predomina sobre o distante barulho dos poucos automóveis, o ladrar de um cão acentua a distância das coisas, torna ainda mais aguda a solidão da tarde.

O ritmo distante de uma sinfonia se aproxima e aos poucos se mistura ao marulhar do vento, envolve o que resta de silêncio, sufoca e cala a réstea de coisas ainda mais antigas. Os olhos procuram situar os limites dessas paragens, afastá-las da sombra, iluminar o que restou da escuridão .


Um velho abre a janela e olha para o horizonte sombrio. Procura entre as recordações, lembra-se de rostos esquecidos, tateia no escuro da alma que uma vez mais se move na direção dos ventos, na dor profunda de lembranças, na opacidade das memórias apagadas.

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