segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Os velhos


Os prédios onde vivem parecem pombais. Eles olham das janelas para a rua, são como pombos abrigados em caixotes. Olham para fora na busca de ar, de mais espaço e de alguma paisagem para contemplar, mesmo que seja a da Barata Ribeiro, inundada de gás carbônico.

Estão sempre nas janelas mas também na filas do supermercado e do banco. Alguns sentam-se nos bares, olhando para a rua ou para lugar nenhum, com o ar distante de quem na verdade não está ali.

Os mais sociáveis se organizam em jogos de baralho, ocupam as mesas feitas de cimento nas praças quase desertas. Reunem-se para passar os dias, cada vez mais longos, de anos cada vez mais curtos.

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