domingo, 4 de setembro de 2011
Encontro
De roupas sujas, barba de uns três dias e olhos arregalados, Marquinhos passou por mim na Barata Ribeiro. Parava de vez em quando, abria as pernas, levantava os braços e dava um grito. Bem diferente da semana passada, quando o vi de roupa limpa, sóbrio e compenetrado.
Ele desaparece de vez em quando, provavelmente internado. Quando volta, aparenta certa calma até que volta a xingar os passantes naquela algaravia que constitui sua linguagem. E torna a dirigir o trânsito e esculhambar os motoristas.
Em seus altos e baixos, na angústia expressa em sua face e nos seus gestos, Marquinhos parece nos ensinar como a vida não tem lógica e como é confusa a cidade em que vivemos.
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