terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O bolina


No extraordinário O Rio de Janeiro do Meu Tempo, Luiz Edmundo exibe seu talento de repórter e descreve com precisão como era a cidade na virada do Século XX. Descreve cada uma das ruas do centro. Seus prédios, lojas, cafés. E também a gente que habitava o Rio provinciano e calmo dos anos 1900.

Entre os tipos da época, ele destaca o bolina, o sujeito que subia nos primeiros bondes elétricos, sempre cheios, para se encostar nas mulheres e usufruir de um arriscado momento erótico. Havia escândalos de juntar gente, pois nem sempre as damas aceitavam sem protestar a intimidade do contato físico roubado pelo bolina. Edmudo acusa de serem adeptos da bolinagem algumas figuras importantes do seu tempo.

Parece que o metrô contemporâneo trouxe de volta o personagem, a ponto de terem reservado um carro exclusivo para mulheres, com o objetivo de protegê-las do assédio infame do bolina. Mas tenho visto alguns espertos bolinas pulando para o carro feminino, nas horas de pico. Dentro do vagão lotado de mulheres, eles procuram situar-se estratégicamente para o encosto, enquanto exibem um jeito cândido e um olhar distraido mirando um horizonte inexistente.

Um comentário:

heliojesuino disse...

A BOLINA

Tem jeito não, Celso...

Ouvi outro dia uma conversa entre duas amigas na plataforma. Uma delas recusava-se a embarcar no carro das mulheres para evitar não o bolina penetra, mas AS bolinas... Têm ali trãnsito livre e, segundo a moça, são muito mais ousadas.