sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Samba, tango e o Lloyd



Das dez linhas internacionais do Lloyd Brasileiro, companhia de navegação que existiu de 1890 até 1997, a mais importante era a que ligava Rio-Santos-Montevidéu-Buenos Aires. Transportava carga e passageiros mas fazia no paralelo outro tipo de comércio - o de levar e trazer palavras entre as línguas faladas na beira dos cáis daquelas cidades.

Bacana, afanar, engrupir, farra, gavião (gavión), mina, michê, otario, paco, pinta, punga, calote, barulho (barullo), rolo, tamanco (tamango), pedregulho (pedregullo), cafúa, lobizón (lobisomem), fulo, catinga, tira, achacador, bobo (relógio), burro, campana, despelotado, embolar, engaiolado, engrupir, entregar (delatar), esbornia, escrachado, fachada (cara), fulera, gagá, gigolô, guri, labia, macanudo, malandro, mamado, mancada, masoca, pirar (ir-se), são algumas das centenas de palavras que existem tanto na gíria brasileira quanto no lunfardo do Rio da Prata.

A língua dos marinheiros, prostitutas, gigolôs e malandros dos três países foi enriquecida nessa troca. E ganhou mais força de expressão quando saiu do bas-fond e passou para o vocabulário do samba e do tango, ritmos também marginais que, com o tempo, foram legitimados como expressões culturais e acabaram por penetrar nos salões da melhor sociedade.

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