
Como acontece com as ruas, existem também praças vivas e praças mortas, que têm o destino de permanecerem vazias, como a Praça Paris, no centro do Rio. Foi restaurada há pouco mas é apenas uma paisagem. O Largo do Machado, ao contrário, pulsa vida. Está sempre em movimento, povoada por seu diversificado elenco de aposentados, carrinhos de bebê, usuários de crack, marginais de todo tipo, estudantes e belas garotas matando o tempo.
Não chega a ser um bairro. Foi chamado sucessivamente de Campo das Pitangueiras e Campo das Laranjeiras. Seu nome vem de um açougue que tinha um grande machado na porta identificando o estabelecimento.
A decadência que deteriorou a vizinhança não tirou a alegria do Largo, que ainda ostenta certa beleza carregada de história. Quando Santos Dumont, em 1906, decolou com o 14 Bis e virou glória nacional, foi lá que um grupo de boêmios anunciou sua chegada para jantar no Lamas. Um deles fantasiou-se, fez-se passar pelo herói, acenou para a multidão que lotava a praça e jantou e bebeu de graça com toda a sua falsa comitiva.