Marcelinho foi um dos que beberam até morrer. Risonho, não revelava o inferno interior do qual se defendia na compulsão de beber. Hospedado comigo em Arraial do Cabo, colocou ao lado da cama uma garrafa de uísque barato que acordou vazia. Quando tomava uma dose de vodka às seis horas da manhã, justificava dizendo que já era meio-dia na Russia.
Norman Mailer, ele mesmo um bebedor compulsivo, dizia que há uma verdade na maioria dos bêbados sérios e Jack London deu seu testemunho: “Não houve tempo, em todo meu tempo, em que eu não quisesse uma bebida”.
Marcelinho, que morreu muito jovem, pilheriava dizendo que o que faz bem à alma não faz mal ao corpo. Mas sabia que estava se destruindo. Uma vez me disse que a cabeça lhe dizia para ter cuidado mas o coração pedia.
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