Doka costumava dizer que o sofrimento de uma criança é a
prova da inexistência de Deus. Ele usava outros argumentos, comparando
diferentes religiões para concluir com a sua tese que negava qualquer tipo de
divindade. Penso que procurava, dessa forma, confrontar a religiosidade mística
da sua própria família.
Citava Sartre num comentário sobre “Os Irmãos Karamazov”, ao
dizer que se Deus não existe tudo é permitido mas acrescentava que esta é
também a causa do desespero humano. Suas digressões teológicas terminavam
quando dizia que discutir os dogmas de qualquer religião só é compreensível para
quem admite a transcendência.
A crença religiosa, segundo Doka, tem origem na dimensão
finita da humanidade, na sua solidão e sentimento de abandono. Imaginar a presença
divina consolaria toda a impotência do homem diante do desconhecido. Antes do
dia em que deixou de aparecer nos lugares que frequentava e desapareceu para
sempre, Doka dizia que negar a existência de Deus é aceitar conscientemente o destino
trágico da vida.
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