Fisicamente forte, de corpo moldado por halteres e
exercícios de força, amava inspirar temor e espanto. Entrava nos botequins
agitando uma maça medieval, batia com ela nos balcões, dava ordens ampliando a
potência da sua voz muito grave. Impossível acreditar que, além daquela
exibição, havia a candidez de um menino na alma de um samaritano.
Gostava também de armas de calibres cinematográficos. Sabia
usá-las e com elas desenvolveu a exatidão de uma pontaria certeira. Em plena
madrugada, atingiu com um tiro o aparelho de som estridente e agressivo na
festa de um prédio em frente. Desfilava pelo bairro de sunga e sem camisa, em
qualquer tempo, de calor ou frio, de sol ou de chuva.
Alimentava os cães de rua, conversava animadamente com os
mendigos, enternecia-se dando ajuda às velhinhas solitárias. Fascinava as
crianças, que lhe devotavam profunda admiração. Conversava com elas como se
fossem adultas, contava-lhes façanhas imaginárias. Desapareceu no mar, numa
noite em que bebeu uma garrafa de vodca e mergulhou num ponto qualquer além da
quebrada das ondas. Gostava de ser chamado Ivan, o Terrível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário