A pátria é um país injusto. O amor à pátria é um sentimento
difuso que mistura os antepassados, a família, o círculo onde se vive. E a
língua que falamos. A linguagem é a profunda relação de amor com o que nos
cerca, o ambiente, o pensamento e a reflexão sobre o mundo. O ódio não tem
linguagem, sua expressão é apenas ele mesmo, o ódio.
A mãe Pátria, generosa para alguns e madrasta para tantos?
Os miseráveis de um país são filhos da pátria? Os muito ricos, proprietários de
tudo, são eles os únicos representantes da pátria? “A minha pátria é como se
não fosse”, escreveu Vinícius, que no exílio chorava de saudades da sua pátria.
Para Soljenítsin, sua pátria era a língua em que escrevia.
Longe, não conseguia escrever e preferiu se submeter à perseguição do governo
do que ficar, aparentemente livre, distante da Russia. Sem poder usar na rua a
sua língua, que era a sua pátria. São tantos os significados da pátria que ela
pode se perder no desespero de seus próprios órfãos.
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