De uma pequena van sem qualquer identificação, desce o
entregador e se dirige ao botequim. Em seus braços, algumas poucas embalagens
descaracterizadas. Vejo que se trata da distribuição de cigarros. Existem
poucos fumantes, hoje, em comparação com um tempo não tão distante. Mesmo no
botequim onde o entregador faz a entrega é proibido fumar.
O fumo foi levado à Europa pelos descobridores que
aprenderam a usá-lo com os indígenas do Novo Mundo. Por mais de quinhentos anos
proporcionou ao mundo prazer, elegância e charme. Enormes, poderosas empresas se criaram
com o plantio de tabaco, a fabricação e a venda de cigarros em belas
embalagens. O marketing vendia mais do que prazer. Prometia um estilo de vida
de acordo com o desejo e as emoções do fumante.
As grandes marcas investiam somas imensas em publicidade
porque o retorno em vendas era garantido pelos novos contingentes de
consumidores que entravam no mercado. Eram adolescentes que compravam o estilo
de vida dinâmico, esportivo e prazeroso que lhes era prometido. Sem publicidade
nem as antigas e belas embalagens, que hoje ameaçam doenças horríveis a quem
fuma, o cigarro é um produto amaldiçoado, clandestino e proibido. Para onde foi
desterrado o prazer?
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