Estou
sentado numa praça à espera do Senhor.
Ele
está atrasado e dos bancos em que se sentam os ricos
caem
migalhas de pão que é o seu corpo.
Falta
vinho, que é o seu sangue,
mas
o vinho não falta em suas ceias.
É
longa esta espera, como longos têm sido os dias
em
que tento me mover no trançado dos espinhos
ou
na cruz que me tem pregado.
Não
há fuga quando as amarras se misturam
aos
braços, às pernas e no pensamento.
Não
reconheço este sítio onde espero
e
observo a fartura em outros bancos
eu
faminto, insone, o corpo exibindo suas chagas
nas
escadarias dos templos visitados.
Tenho
permanecido na vizinhança das árvores
porém
longe das sombras ocupadas.
Divido
água e comida com os bichos.
À
noite, penso que Deus é invenção soturna,
como
os pássaros que cercam esta lugar.
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