Pássaros cegos ensaiam voos num firmamento carregado de
nuvens de chumbo. São bandos sem rumo, enquanto multidões de fugitivos buscam
abrigo em crateras abertas por bombas incendiárias. Sons enlouquecidos se
cruzam no ar de chuva fina que assinala o intenso frio no rosto das crianças,
entorpece o andar dos velhos, agudiza o desespero crescente no íntimo das
mulheres.
Imagens se retorcem na paisagem em que um fantasma busca
refugio nas sombras e um grito se abriga na garganta de um menino. Uma brisa
doentia sopra sobre os corpos, uma gota qualquer de orvalho antigo desperta
nuances esquecidas. Algo que procura existir se enlaça no pensamento, na arte
dos muros, nas imagens lançadas no ar.
A fascinação se enlaça com as árvores do deserto, o vento simboliza
sensações perdidas e a beleza se transforma na vítima do tempo. Nada encontra
seu retorno nas encruzilhadas que, em labirinto, abrem-se em outros caminhos
que se perdem nos horizontes de sombra. O tempo se encerra e se inicia, os
verões encontram seu caminho e uma criança uma vez mais se lança no
desconhecido.
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