domingo, 6 de dezembro de 2015

Uma aventura


Taylor pensa que sua tentativa de explorar um bar em Ryad, na Arabia Saudita, poderia ter sido um negócio rentável mas diz que antes de tudo foi um gesto de rebeldia e afirmação de liberdade diante dos preconceitos de um país reacionário. Acredita que seu comércio clandestino daria certo se permanecesse nas sombras, os riscos seriam contornados pela fidelidade dos clientes. Foi um deles que lhe advertiu da sua prisão iminente pela polícia religiosa. Teria sido condenado a milhares de chibatadas, se escapasse a uma sentença de morte.

Sua fuga no meio da noite em direção a Saná, no Iêmen, de onde atravessou para Djibouti e de lá para o Mediterrâneo pelo Canal de Suez, foi uma saga de milhares de quilômetros acidentados. Disse que um dia me contaria em detalhes. Tinha muito pouco dinheiro e para atravessar a fronteira contou com a ajuda de alguns iemenitas que se dedicavam profissionalmente ao contrabando. Fez amigos no grupo e prometeu que voltaria para pagar pelo transporte e proteção que recebeu. Não sei se voltou.


Ele procura sempre um sentido maior para o que faz e suas excentricidades lhe parecem simbolizar uma desafiadora viagem pela vida, uma provação que vai aos limites do entendimento, recusando-se a aceitar a mediocridade e o pouco valor que se possa encontrar na existência humana. Diante da minha pergunta se isto realmente valeria a pena, respondeu com o enigma de que nada, rigorosamente nada tem sentido diante de qualquer pergunta, a não ser aquelas que já trazem consigo sua inútil resposta.

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