segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Uma cidade


Alguns dias chuvosos substituem a claridade solar que tem iluminado este inverno. Pouca gente na rua, uma cidade que se anima nos dias de feira, na hora das compras matinais e dentro do pequeno mercado municipal onde as pessoas compram e conversam. Não há pressa, todos caminham em ritmo diferente de quem vive numa metrópole. Se alguém passar correndo, os outros param surpresos para observar o que aconteceu.

Perguntam-me porque não prefiro Paris a este canto da França profunda, tranquila e contemplativa. Procuro evitar as grandes cidades. Paris, como o Rio, invadida por levas de turistas, atravancada pelas filas, exibe disfarçadamente o medo da violência. São lugares ocupados por multidões que sequestram a alma das ruas.


Um homem passeia com seu cão nas primeiras horas da manhã. O açougue abre suas portas, o bar põe cadeiras na calçada. É dia de feira na praça da catedral, os comerciantes amanhecem preparando suas barracas e Cahors acorda mais cedo. Não se ouvem gritos, nem conversas altas ou barulhos que incomodam. Um cantor canta canções populares acompanhado do violão, à sua frente um tapete espera pelas doações. Uma folha de plátano ressecada pelo frio flutua no vento e vai repousar nas águas tranquilas do Rio Lot. Há um clima de calma, talvez de alegria, enquanto a vida escorre pelas ruas muito antigas desta cidade.

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