Alguns dias chuvosos substituem a claridade solar que tem
iluminado este inverno. Pouca gente na rua, uma cidade que se anima nos dias de
feira, na hora das compras matinais e dentro do pequeno mercado municipal onde
as pessoas compram e conversam. Não há pressa, todos caminham em ritmo
diferente de quem vive numa metrópole. Se alguém passar correndo, os outros
param surpresos para observar o que aconteceu.
Perguntam-me porque não prefiro Paris a este canto da França
profunda, tranquila e contemplativa. Procuro evitar as grandes cidades. Paris,
como o Rio, invadida por levas de turistas, atravancada pelas filas, exibe
disfarçadamente o medo da violência. São lugares ocupados por multidões que sequestram
a alma das ruas.
Um homem passeia com seu cão nas primeiras horas da manhã. O
açougue abre suas portas, o bar põe cadeiras na calçada. É dia de feira na
praça da catedral, os comerciantes amanhecem preparando suas barracas e Cahors
acorda mais cedo. Não se ouvem gritos, nem conversas altas ou barulhos que
incomodam. Um cantor canta canções populares acompanhado do violão, à sua
frente um tapete espera pelas doações. Uma folha de plátano ressecada pelo frio
flutua no vento e vai repousar nas águas tranquilas do Rio Lot. Há um clima de
calma, talvez de alegria, enquanto a vida escorre pelas ruas muito antigas
desta cidade.
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