Copacabana reclama dos males do verão, tempo em que as levas
de turistas invadem o bairro, a orla e os botequins enchem-se de novos clientes
em busca de calor, cerveja, alegria e sexo. O bairro sonha então com os
tranquilos dias de inverno e primaveras tardias. Mas bastam alguns dias de
chuva para aflorar a impaciência e a nostalgia do calor.
As marquises são habitadas pelos moradores de rua, os
garotos da periferia continuam assaltando nas praças e arrancam os celulares,
ouvem-se os tiroteios nos morros. Há também uma sombra de frustração na praia
vazia quando fustigada pela chuva e os que vieram em busca do verão se
agasalham numa conformada tristeza.
Quando passam os dias chuvosos e o calor novamente investe
sobre a areia e as calçadas, voltam os lamentos molhados de suor, a busca de
sombras castigadas, o desejo de um pouco de brisa fresca. É o destino de um
bairro onde os contrastes assinalam as diferenças entre os ricos dos belos
edifícios e os miseráveis que se abrigam nas marquises; a praia e a montanha; o
calor insuportável e o frio incompreensível em pleno mês de janeiro, às
vésperas do carnaval.
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