Um céu leitoso reverbera a notícia do calor que vai
emoldurar os dias de carnaval. Parece que estão previstas algumas chuvas,
poucas, mas os serviços de meteorologia não merecem crédito no Hemisfério Sul.
O tempo aqui muda sem aviso prévio e os cientistas perdem a confiança nos
sinais que a atmosfera lhes envia.
A esquizofrenia do bairro parece entrar em surto, nesses
dias. Às vezes vem a impressão de que as ruas começaram a se esvaziar no êxodo
dos feriados mas os engarrafamentos trazem um desmentido no momento seguinte. Os
turistas louros e vermelhos de sol, inquietas andorinhas do verão, já ocupam as
calçadas e os quiosques da praia.
Instalaram os banheiros químicos e as grades de proteção nos
mirrados jardins das praças contra a animação destruidora dos blocos.
Marquinhos, o louco, fazia hoje um discurso diante da porta de um dos banheiros
desocupados. Parecia furioso, talvez por se lembrar de como foi no ano passado,
quando um terrível fedor das profundezas invadiu Copacabana a partir do sábado
de carnaval.
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