Como
faz todos os anos, a primavera chegou com seu clima úmido e sua indecisão entre
o frio e o calor. As estações se confundem em nosso país e muitas vezes o verão
invade o inverno e um outono de chuvas atropela a primavera. Mas ela chegou,
confusa, a primavera. Para nos lembrar da passagem do tempo nas estações que se
sucedem e que avistamos da janela do trem da vida.
Copacabana
sempre sofre a febre do verão, quando a agitação das praias acrescenta mais
energia ao caos. Este ano o fervilhar dos domingos de sol parece ter se
antecipado. Os meninos sem dinheiro começam a chegar da periferia em busca de
espaço e marcam sua presença numa linguagem de violência e susto. O bairro
tenta recusa-los e ergue barreiras de discriminação e ódio.
Como
todos os anos, o calor se aproxima para construir a violenta paisagem. Os bares
ficarão cheios, as mulheres semidespidas, os turistas suados e vermelhos do sol
que tanto procuram. O velho no bar em frente é o sobrevivente do grupo dos
quatro velhinhos gays que se reuniam na mesma mesa, aos primeiros sinais do
calor, para ver a passagem dos rapazes queimados de sol na direção do mar que é
azul na primavera.
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