segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A conquista



Um caso de paixão repentina. O rapaz que bebia numa cadeira da calçada deu um pulo quando viu a bela moça negra que ia atravessar a rua. Ela esperava que abrisse o sinal de trânsito, estava distraída e seu comprido vestido agitava-se com o vento. Ele se aproximou e disse quase ao ouvido da moça algo que a fez sorrir. E acompanhou-a na travessia da rua.

Os que continuavam no bar interromperam a conversa e passaram a olhar os dois que seguiam pela Paula Freitas, ele animado e falante, ela a sorrir. Um velho que bebia café elogiou a iniciativa do moço, disse que ela era mesmo linda e valia tanto o salto quanto o assédio. Seu companheiro de mesa afirmou que apostaria no sucesso da conquista.


Os amores à primeira vista costumam muitas vezes durar toda uma vida, alimentando-se da mesma surpresa e da paixão do primeiro encontro. Outros terminam com a passagem do vento. Uma mulher velha na mesa ao lado disse  que aquilo ia acabar em casamento. Foi quando o rapaz voltou e atravessou a rua de volta. Olhou para as outras mesas, sentou-se, apontou o polegar para baixo e bebeu calado e sozinho pelo que restou do final da tarde.

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