Um caso de paixão repentina. O rapaz que bebia numa cadeira
da calçada deu um pulo quando viu a bela moça negra que ia atravessar a rua.
Ela esperava que abrisse o sinal de trânsito, estava distraída e seu comprido
vestido agitava-se com o vento. Ele se aproximou e disse quase ao ouvido da
moça algo que a fez sorrir. E acompanhou-a na travessia da rua.
Os que continuavam no bar interromperam a conversa e
passaram a olhar os dois que seguiam pela Paula Freitas, ele animado e falante,
ela a sorrir. Um velho que bebia café elogiou a iniciativa do moço, disse que
ela era mesmo linda e valia tanto o salto quanto o assédio. Seu companheiro de
mesa afirmou que apostaria no sucesso da conquista.
Os amores à primeira vista costumam muitas vezes durar toda
uma vida, alimentando-se da mesma surpresa e da paixão do primeiro encontro.
Outros terminam com a passagem do vento. Uma mulher velha na mesa ao lado disse
que aquilo ia acabar em casamento. Foi
quando o rapaz voltou e atravessou a rua de volta. Olhou para as outras mesas,
sentou-se, apontou o polegar para baixo e bebeu calado e sozinho pelo que
restou do final da tarde.
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