O sono se mistura a um desejo de nada. O mundo, paralisado,
está sem lembranças e sem paisagem, sequer o movimento do vento na folhagem se
mostra capaz de definir o instante. Os ruídos se manifestam distantes, ecos sem
repetição, manifestações que o sono absorve e transfere para dimensões imaginárias.
Mergulho nas águas rasas da memória. Imensidão de oceanos
primitivos em que peixes se movimentam
lentos, sem destino, vagas imagens que se perdem em horizontes sem cor. Mas as
cores insistem, no princípio pálidas, incapazes de tingir o pensamento. Depois,
quase se expandem para subitamente regressarem
ao desconhecido. O mundo torna a exibir de novo matizes ausentes de vermelho,
de verde e de azul.
Uma vez mais o desfilar de sentimentos em que se vislumbram voos
de pássaros noturnos. Memórias sem importância se insinuam para uma vez mais se
perderem no esquecimento. Uma vivência despida de sabor, sub-reptícia, inútil,
incapaz de despertar o desejo de descobrir o movimento ensaiado pela vida, ela
própria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário