Uma atmosfera quente, calor de verão que invade o tímido
outono deste ano confuso. As pessoas andam suadas nas desorganizadas ruas de
Copacabana e a multidão na praia tem permanecido até depois do crepúsculo de
cores vermelhas que anunciam mais calor ainda. Existem sinais de ódio e
desconfiança nos olhares que expressam também certeza e perplexidade, algo a
ver com a política e seus desencontros.
As opiniões se perdem entre as emoções confusas. Uma
multidão ocupa a orla do mar, os vendedores do mercado da sede buscam seus
clientes e as crianças procuram entender e participar da brincadeira estranha.
O ar mistura tensão, festa, gritos, exibição. Há sempre algo de loucura nas
multidões. Algo irracional que se manifesta nos gestos, gritos e nos olhares.
As meninas fantasiadas num bloco amarelo desfilam embaladas
em roupas muito justas, riem como convidadas de uma festa esperada. A música
muito alta embaralha os sentidos, convida a uma exaltação sem causa nem
finalidade. Marquinhos, o maluco da vizinhança, encosta-se na parede, observa
como se fosse o único a entender tudo o que se passa, tudo o que ninguém mais se
mostra capaz de compreender.
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