O outono ainda não disse a que veio mas o calor deixou de
ser tão agressivo e humilhante. Copacabana logo começará a hibernar até que
novos turistas, como um bando de andorinhas, comecem a chegar anunciando o
próximo verão. O bairro vive com intensidade as estações mais quentes, quando
regurgita e se agita com as multidões em busca do mar e de algum tempo de
prazer.
Na expectativa das Olimpíadas, ainda se respira certa
tranquilidade. Os botequins enchem-se nos fins de semana mas não se vê o
azáfama constante, as enormes mulheres seminuas de nádegas imensas, as lindas
adolescentes que desfilam na volta da praia. Estrangeiros louros ainda passam
de mãos entrelaçadas com suas namoradas negras, romances que os surpreenderam
na viagem em um país dificil de compreender.
Marquinhos, o maluco da vizinhança, passou ouvindo seu rádio
que não toca nada. Dirigia-se com pressa a lugar nenhum, olhava fixamente o
horizonte, ignorava quem passava a seu lado. Sente como todos que uma vez mais Copacabana
inicia o recomeço do seu eterno ciclo de cada ano. Com seus contrastes,
contradições e a violência saturada de ódio contaminando o ar.
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