Nada do que é humano me é estranho, disse o poeta Terêncio, que viveu em Roma 200 anos antes de Cristo. Em latim, esta frase se escreve "Homo sum: nihil humani a me alienum puto”. Machado de Assis gostava de citá-la eliminando a última palavra, que nada tem a ver com qualquer sentido em português. Machado se rendia aos pudores da época em que viveu. Terêncio resumiu conceitos fundamentais, pois somos semelhantes e tudo o que acontece a outro poderia ter acontecido a nós mesmos. Daí a necessidade da compaixão e da tolerância.
Em cada um habitam muitos. Podemos ser covardes ou heróis mas são poucos os heróis. Somos capazes de vilanias e um gesto nobre nos emociona, uma covardia nos entristece porque admiramos a coragem e a beleza dos heróis. Luis Cernuda, poeta andaluz, dizia que um só exemplo da superioridade moral dos heróis é bastante para testemunhar toda a nobreza humana.
Nosso destino se confunde com o de outros seres humanos. Somos também os que sofrem, os perseguidos e as vítimas das injustiças, e para se fazer solidário não é preciso ser cristão. Ao dizer que nenhum homem é uma ilha, o poeta inglês John Donne termina seu poema lembrando que não se pergunte por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.
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