A quantidade de bichos de estimação em Copacabana é maior
que a população de humanos. Os velhinhos do bairro costumam estabelecer laços profundos
de amizade com gatos, cães e passarinhos e com eles dividem os pequenos
apartamentos em que viviam sozinhos. Levam-nos à rua e a eles se dirigem com a mesma
linguagem carinhosa de mães cujas crianças ainda não aprenderam a falar.
Passear com o cão pode trazer o desconforto de voltar com
algumas pulgas e carrapatos que infestam as ruas à espera de hospedeiros. Por
isso a mulher do prédio em frente conduz seu pequeno poodle num carrinho de bebê. Sua vizinha leva o yorkshire calçado com pequenas botas de
couro. E há o homem que passa de bicicleta pela Barata Ribeiro com um gato
agarrado às suas costas.
O bairro tem o maior número de velhos da cidade. E também de
viúvos e divorciados, dizem as estatísticas. Os números expressam a solidão que
os pequenos animais vêm aliviar. É tanta e tão próxima a amizade entre gente e bichos
que muitas vezes se tornam parecidos entre si. O mesmo jeito de andar, não raro
a mesma aparência e o mesmo humor que são fruto da união e do entendimento entre
eles.
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