Tenho acompanhado os velhos boêmios do bairro e vejo que estão
desaparecendo. Testemunho a decadência deles até que deixo de os encontrar nos
bares que frequentavam. Como os quatro velhinhos gays que se reuniam nas manhãs
de sábado no botequim da esquina e celebravam a vida.
Um deles era pálido, uma palidez que se acentuou com o tempo
até que desapareceu dos lugares onde ia. Não o vejo mais. O que se destacava
pela elegância passou a andar com uma acompanhante bruta e mal-humorada, vi sua
insistência para conseguir sentar-se no mesmo botequim e beber uma cerveja. A
seu lado, a vigilância dura da mulher gorda que bebia água. Esse também sumiu.
Restam dois do antigo grupo dos velhinhos gays. Mas os vejo
separados, em dias diferentes da semana. Um deles senta-se ao banco da pequena
praça e acompanha quem passa com um olhar que se perde num inexistente
horizonte. O outro ainda resiste. Está muito trêmulo, senta-se ao bar, bebe e observa
absorto mas com interesse os jovens que passam em direção à praia.
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