Os dias transcorrem devagar quando somos crianças. Gostaríamos
de ser como os adultos mas o tempo não passa e as crianças continuam crianças
contra a própria vontade. Só o acúmulo dos anos acaba por inverter o desejo e traz
a sensação de como a vida era diferente e muitas vezes feliz.
Até os quinze anos o tempo parece lento mas a partir daí a
velocidade dos anos atropela a vivência e de repente estamos habitando o mundo
dos adultos, complexo e contraditório, competitivo e violento. Tanto idealizamos
a felicidade das crianças que esquecemos os momentos de temor e angústia que costumam
habitar o universo infantil.
O homem adulto continua o mesmo dos seus primeiros anos. Os
medos, decepções e deslumbramentos o acompanham por toda a vida. Às portas da
velhice, assoma às vezes algum sentimento indefinido de dor ou tristeza difusa.
A causa encontra-se perdida no passado, quando o mundo era incompreensível e
ameaçador para uma criança que apenas envelheceu, com a rapidez do vento das
marés tardias.
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