Temperatura civilizada, se comparada com a dos meses
quentes, ruas tranquilas e mulheres vestidas são os sinais visíveis do inverno
num bairro que vive do verão. Copacabana não se dá bem com o frio. Os
comerciantes reclamam, os botequins esvaziam-se, não há arrastões e até os
criminosos dão um tempo. Será que países solares não conseguiriam manter sua
identidade abaixo de 18 graus?
É difícil o trottoir das meninas do sexo nas noites frias e
seus clientes refluem. A noite acaba mais cedo, à meia noite a praia encontra-se
erma, as ruas internas estão à espera de fantasmas. Na sombra das árvores e das
marquises, cães misteriosos se aninham ao lado dos moradores de rua e protegem
seu sono.
Num lugar que vive do turismo do verão, seus habitantes
pagam preços de turista mesmo no inverno. Marquinhos, o maluco da vizinhança,
se diverte. Sua trágica aparência, estrábico e raivoso, assusta as meninas
louras, estrangeiras de pele rosada adquirida ao sol de um inverno ameno e aprazível.
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