terça-feira, 30 de junho de 2015

Inverno

Temperatura civilizada, se comparada com a dos meses quentes, ruas tranquilas e mulheres vestidas são os sinais visíveis do inverno num bairro que vive do verão. Copacabana não se dá bem com o frio. Os comerciantes reclamam, os botequins esvaziam-se, não há arrastões e até os criminosos dão um tempo. Será que países solares não conseguiriam manter sua identidade abaixo de 18 graus?

É difícil o trottoir das meninas do sexo nas noites frias e seus clientes refluem. A noite acaba mais cedo, à meia noite a praia encontra-se erma, as ruas internas estão à espera de fantasmas. Na sombra das árvores e das marquises, cães misteriosos se aninham ao lado dos moradores de rua e protegem seu sono.


Num lugar que vive do turismo do verão, seus habitantes pagam preços de turista mesmo no inverno. Marquinhos, o maluco da vizinhança, se diverte. Sua trágica aparência, estrábico e raivoso, assusta as meninas louras, estrangeiras de pele rosada adquirida ao sol de um inverno ameno e aprazível.

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