Um
acesso de pranto cerca a vida
no momento em que a criança nasce
para o sacrifício dos dias.
para o sacrifício dos dias.
O
sono do qual acorda
leito de palha, pasto de animais -
despertará também neste Natal.
leito de palha, pasto de animais -
despertará também neste Natal.
Não
para a festa de guirlandas,
das vitrines de alabastro
e neve de algodão.
das vitrines de alabastro
e neve de algodão.
É
uma criança de face
e expressão perdidas,
lembradas apenas nos escritos.
e expressão perdidas,
lembradas apenas nos escritos.
Na
memória dos feridos,
no pesadelo dos mudos
e no olhar dos perseguidos.
no pesadelo dos mudos
e no olhar dos perseguidos.
Esperança.
Palavra repetida,
proclamada nos ritos,
nas igrejas e comícios.
proclamada nos ritos,
nas igrejas e comícios.
Pouco
proferida no dezembro
do calendário dos anos: mil
novecentos e oitenta e cinco.
do calendário dos anos: mil
novecentos e oitenta e cinco.
Uma
vez ainda no Natal,
tão próximo da morte e da Paixão,
a memória e o tempo se confundem.
tão próximo da morte e da Paixão,
a memória e o tempo se confundem.
Mas
encontram-se nas ruas,
no asfalto das cidades,
na chama das velas de eletricidade.
no asfalto das cidades,
na chama das velas de eletricidade.
Entenderemos
o pranto do recém-nascido,
perscrutaremos o olhar de espanto e medo
com esta palavra traduzindo tudo.
perscrutaremos o olhar de espanto e medo
com esta palavra traduzindo tudo.
(in O Último Número)
Nenhum comentário:
Postar um comentário