Um dos grandes poetas brasileiros, Dante Milano está quase
esquecido. Contemporâneo do modernismo, recusou o poema-piada e alguns
princípios do movimento, o que talvez tenha contribuido para sua
marginalização. Há pouco, o poeta Jorge Elias Neto, num discurso, resgatou sua
lembrança e leu este belo poema também quase esquecido:
Salmo perdido
Creio num deus moderno,
Um deus sem piedade,
Um deus moderno, deus de guerra e, não, de paz.
Um deus sem piedade,
Um deus moderno, deus de guerra e, não, de paz.
Deus dos que matam, não dos que morrem,
Dos vitoriosos, não dos vencidos,
Deus da glória profana e dos falsos profetas.
Dos vitoriosos, não dos vencidos,
Deus da glória profana e dos falsos profetas.
O mundo não é mais a paisagem antiga,
A paisagem sagrada.
A paisagem sagrada.
Cidades vertiginosas, edifícios a pique,
Torres, pontes, mastros, luzes, fios, apitos, sinais.
Sonhamos tanto que o mundo não nos reconhece mais,
As aves, os montes, as nuvens não nos reconhecem mais,
Deus não nos reconhece mais.
Torres, pontes, mastros, luzes, fios, apitos, sinais.
Sonhamos tanto que o mundo não nos reconhece mais,
As aves, os montes, as nuvens não nos reconhecem mais,
Deus não nos reconhece mais.
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