O Gouffre de Padirac é uma enorme caverna subterrânea. A 130
metros de profundidade corre um rio que se estende por 40 quilômetros sob a
terra. Os turistas adoram subir e descer milhares de degraus para chegar ao
fundo, embarcar num bote e percorrer trechos do rio de águas transparentes
sobre um leito de pedra.
A sensação de navegar a mais de cem metros de profundidade é
a mesma que devia ocorrer aos passageiros do Rio Hades, nas mãos do barqueiro
Caronte. Na mitologia dos gregos, os que acabavam de morrer atravessavam aquele
rio separando o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Eram dois rios, o Estige e
o Aqueronte.
Enquanto o barqueiro de Padirac ia fazendo o seu discurso,
eu ouvia a voz de Caronte. Pois era aquele rio que nos transportava para um
mundo desconhecido, estranho, detalhe de um pesadelo colorido com tons de
verde, sonhado em plena vigília.
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