Em Cahors, reencontro André. Da última vez,
no ano passado, ele me mostrou orgulhoso a foto do filho, de apenas um ano, uma criança
de olhos sorridentes e claros chamada Rafael. A cidade vive o fim do verão e o
início de um outono ameno, os plátanos começam a perder suas folhas e todo o
verde transmuda-se para um amarelo de tons dourados.
André diz que Rafael, agora com dois anos
de idade, teve diagnosticado um câncer cerebral e encontra-se fazendo
quimioterapia. O Rio Lot, que enlaça a cidade e a transforma numa quase-ilha,
passa com suas águas tranquilas, limpas, onde alguns patos fazem o seu passeio.
Os restaurantes e os bares ainda têm cadeiras na calçada, os turistas ingleses,
que adoram a cidade, ocupam seus espaços.
Caminhando pela margem do rio, observo suas
águas mansas e uma vez mais, de maneira obsessiva, me vem ao pensamento a
afirmação final e definitiva de Thomas Hobbes: “a vida humana é desagradável,
brutal e curta”.
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