terça-feira, 2 de janeiro de 2018

A noite escura


Na noite profunda e escura da alma são sempre três horas da manhã, definiu Scott Fitzgerald. A escuridão levou-o a abusar do álcool depois de ter conhecido a fama, a glória e um casamento desastroso. Sua vida, como a de outros grandes artistas, estava destinada a transitar sempre pelo lado negro do mundo.

Os artistas não estão destinados à felicidade, parecem dizer as biografias. As grandes obras são maiores quando criadas nos porões da alma e da depressão emocional. Poe morreu na miséria declamando ‘O Corvo’ nos botequins de Baltimore, Álvares de Azevedo sufocado pela hemoptise, Dostoievski passou quatro anos preso nas masmorras da Sibéria para morrer em São Petersburgo sufocado por um enfisema. Hemingway matou-se.


Os artistas não são felizes. Suas almas estão condenadas a sobreviver nas madrugadas onde os relógios estão parados na marca das três horas e para sempre na escuridão.

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