O inverno é de chuva emoldurando o frio. A ventania chega a
inverter os guarda-chuvas e torna horizontal as águas tempestuosas que
humedecem as ruas mas afastaram o risco de rios secos e falta d’água. O Tejo
quase se transformara num riacho, assim como o Douro em suas nascentes na
Espanha. O tempo cor de chumbo mistura-se ao escuro granito que esculpe a
identidade do Porto.
Turistas passeiam pelas ruas, movimentam a cidade que não
perde sua beleza. Meninas louras quase não sentem a intensidade do frio,
acostumadas com o inverno dos países de onde vieram. O mendigo da esquina da
Rua de Sá da Bandeira faz dias que não aparece. Os bares estão vazios, poucos
clientes diante de uma xícara de café ou de um cálice de aguardente.
Na passagem do ano, jovens corajosos mantiveram a tradição do
primeiro banho de mar e mergulharam nas águas geladas do Atlântico Norte. A
cidade cinza começa a sonhar com a primavera. As gaivotas quase sumiram, as
nuvens se acumulam e o céu esconde-se nos dias de cor noturna.
Nenhum comentário:
Postar um comentário