sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

As brumas



Há um território do sonho em que se cruzam todas as idades. Alucinações se confundem com as fantasias do pensamento lógico e a vigília perde aos poucos sua capacidade de ver o mundo como ele aparenta ser na realidade. As experiências da criança antiga, seu modo de olhar, ver e sentir brotam novamente e tornam a se mover entre as brumas do sono, o medo e a perplexidade de antigamente, antes mesmo do dia em que nascemos.

Também o deslumbramento. Os objetos, as coisas do mundo, astros celestes e figuras do passado e do futuro despontam como se pertencessem ao presente mas no entanto são diferentes. Uma dimensão diversa absorve todas as emoções e as emoções são enormes, fora do tempo, portadoras de segredos nunca revelados, degraus de horizontes insondáveis. Percepção das fímbrias de um infinito que cabe nos limites da imaginação reprimida pelo sono e por ele aberta em direção do desconhecido.


Prestes ao despertar, a consciência amplia seus limites diante do ignoto, do silêncio das esferas que se movem no universo ilimitado e ausente da memória. A claridade surpreendente da luz se revela e traz consigo a inesperada escuridão do passado. A consciência se dissolve no despertar de um futuro que se confunde com momentos vividos, todas as coisas que não existem mais e também com as que depois, num outro tempo, ainda irão existir.


Nenhum comentário: