Há
um território do sonho em que se cruzam todas as idades. Alucinações se
confundem com as fantasias do pensamento lógico e a vigília perde aos poucos
sua capacidade de ver o mundo como ele aparenta ser na realidade. As
experiências da criança antiga, seu modo de olhar, ver e sentir brotam
novamente e tornam a se mover entre as brumas do sono, o medo e a perplexidade
de antigamente, antes mesmo do dia em que nascemos.
Também
o deslumbramento. Os objetos, as coisas do mundo, astros celestes e figuras do
passado e do futuro despontam como se pertencessem ao presente mas no entanto
são diferentes. Uma dimensão diversa absorve todas as emoções e as emoções são
enormes, fora do tempo, portadoras de segredos nunca revelados, degraus de
horizontes insondáveis. Percepção das fímbrias de um infinito que
cabe nos limites da imaginação reprimida pelo sono e por ele aberta em
direção do desconhecido.
Prestes
ao despertar, a consciência amplia seus limites diante do ignoto, do silêncio
das esferas que se movem no universo ilimitado e ausente da memória. A
claridade surpreendente da luz se revela e traz consigo a inesperada escuridão
do passado. A consciência se dissolve no despertar de um futuro que se confunde
com momentos vividos, todas as coisas que não existem mais e também com as que
depois, num outro tempo, ainda irão existir.
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