O frio inverno do Norte emoldura o tempo em que o Natal se
mistura aos antigos fogos do solstício do inverno europeu. As luzes já se
acenderam no Porto e as multidões na rua mobilizam as avenidas largas e as
estreitas ruas medievais. Sente-se no ar o desejo de que os dias tragam consigo
sinais de esperança no lugar das sombras.
Em todo o mundo, é o tempo dos pensamentos abrigados em
emoções tardias, de algo que se finda para o que nascerá. Misturam-se velhas
crenças, antigas festas pagãs e a esperança nos milagres. As tradições
presentes nos contornos de religiões em luta no aberto e confuso campo dos
desejos insaciáveis. E no estridente som do gueto dos miseráveis.
Os tempos permanecem no íntimo escuro dos homens porque são como
em todas as eras. As cidades destruídas, as paisagens demolidas e o
cinza-chumbo das nuvens são os mesmos a acompanhar o eterno nascer dos anos e o
lamento por crianças mortas.
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